domingo, 16 de novembro de 2008

Compreender o contexto da teoria da distância transaccional

No ambiente de aprendizagem ao qual tenho acesso, o professor, Dr. António Quintas-Mendes, explica que «A teoria da distância transaccional postula que, para todas as actividades educativas, a distância é um fenómeno pedagógico, psicológico e comunicacional em vez de ser apenas um fenómeno físico. Isto implica que o que é interessante para os que estão implicados numa relação educacional não é a separação física ou temporal, mas a relação da comunicação / interacção com a estrutura e organização do curso». Mais do que ajudar a interpretar correctamente as leituras efectuadas no âmbito desta temática, através desta intervenção, penso ter conseguido compreender e relacionar outras matérias que contribuíram para a compreensão do contexto da teoria da distância transaccional.

Quem não se lembra, por exemplo, do estudo realizado na unidade de FCEM - Ferramentas de Comunicação Educacional Multidimensional – da Comunicação: elementos constituintes, teorias e processos de comunicação?
De facto atendendo, hoje, à compreensão da relevância dos fenómenos da comunicação e o seu impacto na interacção entre professores e alunos e entre estudantes, em ambiente virtual, encaixo melhor a razão do especial destaque que esta temática mereceu naquela unidade do 1º ano da Licenciatura em Educação. Aliás, é uma característica deste curso a interligação dos conteúdos abordados pelas diferentes unidades e que proporciona uma compreensão do particular e do todo, como exemplifico aqui neste petit exercício reflexivo.

É predominantemente através da linguagem escrita que neste ambiente nos vamos desenhando como membros de uma determinada comunidade. A identidade é um desenho, mais ou menos fidedigno, que resulta dos traços e pinceladas dados a cada participação, seja ela nos fóruns das unidades curriculares, na relação com a instituição (fórum da Coordenação do Curso, Secretaria online) ou no Café da Educação, cujas esplanadas convidam a uma interacção entre todos num ambiente mais descontraído.

Uma das facetas da comunicação, que relembramos em FCEM, é que a mesma não se encontra isenta de ruído, contribuindo para a distorção da mensagem que chega ao receptor. No ambiente virtual, o ruído – no meu modesto entender – prende-se sobretudo com a codificação da mensagem, quer no momento em que é emitida quer no momento em que é interpretada.
No post que aqui coloquei sobre o Fórum da Educação – ambiente virtual da responsabilidade dos estudantes – menciono a dificuldade que surge, inevitavelmente, neste tipo de ambiente e no que respeita a relação entre pessoas. Não obstante o ambiente virtual facilitar a comunicação interpessoal, porque nos sentimos mais à vontade para nos expormos, certo é – e citando-me – que as palavras têm os seus equívocos e necessitam de explicações adicionais, melhor pensadas e melhor escritas!
Aliada a comunicação ao objectivo educacional temos uma equação que implica, para a sua resolução, o estudo das variáveis e adopção de estratégias quer ao nível da estrutura e quer ao nível da metodologia pedagógica, não descurando o factor i (indivíduo). Proporcionar a construção do conhecimento, não é apenas despejar conteúdos e emitir certificados! Implica todo um esforço de implementação e concretização do projecto educativo, que passa incontornavelmente pela interacção entre pessoas e entre pessoas e conteúdos.
Na perspectiva do ensino/aprendizagem, a apresentação dos conteúdos deve ter em consideração a distância entre formadores e formandos. As instruções claras e precisas, as actividades propostas e o feedback, em tempo útil, às dúvidas dos estudantes são elementos cruciais para a apropriação adequada dos conhecimentos e exemplos de constituintes da estrutura e da organização do curso. Todos os momentos implicam uma planificação atempada e cuidada com intuito de potenciar o envolvimento dos estudantes, mas, como em todas as planificações, temos de deixar margem para o inesperado, pelo que a estrutura (entendida como a relação cronológica entre conteúdos, métodos e objectivos) não pode ou não deve ser inflexível. Aliás a inflexibilidade da estrutura é condicionante da possibilidade de diálogo entre mestres e aprendizes, momentos chave na construção do conhecimento e da envolvência dos alunos.

Penso que seja este o contexto da teoria da distância transaccional (Moore,1980) que surge do reconhecimento da importância do factor comunicação, da preocupação com estilos de aprendizagem e o impacto de ambos na autonomia e na motivação de cada um.

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